quarta-feira, agosto 26, 2009

Frustração

No aconchego do meu quarto, escuto gotas de chuva lá fora mesmo com fone de ouvido nas orelhas. Pensamento distante, olhos fixos no teto escuro, pouco a pouco tingido por uma coloração azulada. A vidraça úmida, proporcionando desenhos em sua transparência. Inverno interminável. Inferno lamentável. 
Cabeça pesada, sem sentir nada mais em meu corpo além do estomago vazio. Uma lágrima escorre esperando por um dia que nunca chegará, condenada por um passado triste. Um galo conta em plena zona urbana no auge do século XXI. Deveria estar lendo um livro ao invés de apenas esperar o dia amanhecer. O que será que você pensa agora? Hoje já não me importa mais a sua opinião. Pelo menos algo bom a solidão me deu. A distancia que nos separa é tão pequena. Consola-me saber que estamos sob o mesmo céu e você ouve as mesmas gotas de chuva que eu. Sinto um frio na espinha e levemente arrepio temendo o que Deus sabe sobre meu futuro. Não temos comunicação nesse momento. Eu não acredito em telepatia. Se ao menos eu entrasse em teus sonhos, eu te cuidaria, sentiria tua calma respiração, cessaria meu frio. Você finalmente entenderia minhas palavras. Humildes palavras. Depois que o sonho acabasse e o mundo girasse novamente ao lado normal, eu pelo menos estaria convencida de que passamos a noite juntos. Hoje eu vejo que a única confiança existente nesse planeta imprudente, é a depositada no amor próprio. Esse sim sabe manter segredos em sigilo. Detesto pessoas que simplesmente não se importam com os outros. Supostamente isso seria odiar a mim mesma. Mas eu prefiro conservar minha alma. Tempo esgotado. Mesmo sabendo que o sol nascerá e não aparecerá amanhã, provavelmente por estar coberto pela neblina, necessito que ele cubra meu rosto com seu calor inigualável e clareie meus olhos, antes que eu caia desse abismo.

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