sexta-feira, setembro 18, 2009

Frieza

Naquela noite as horas não passavam. Eu que não gosto de falar em tempo, e sempre cito o Sol como o melhor relógio, naquela noite não poderia falar em Sol. Era lua cheia. A lua que me decepciona, que nunca realizou um pedido meu e que por ironia fazia tudo ao contrário do que eu pedia. Isso me fez entender que o Sol era o mocinho e a Lua vilã.
Naquela noite não havia achado respostas para minhas próprias perguntas. Também não podia contar com ajuda alguma, eu não conseguiria me expressar. Talvez até conseguiria se engolisse todas as lágrimas com a garganta vazia e deixasse o orgulho de lado, mas preferi não sofrer essa humilhação. Desisti por um segundo de todos meus desejos antigos, mas logo me arrependi. Só restava essa opção, já que ninguém sonharia por mim. Agora eu só sonharia acordada, apesar de que assim meus pés também não tocariam ao chão.  Engraçado que milhões de pessoas podem destruir seus sonhos, mas só você pode lutar por eles. Injusto.  Mas afinal, quem se importa? Alguns nem sonham, sorte deles. Às vezes até eu prefiro viver no escuro.
Naquela noite não chovia. A chuva que caiu delicadamente e me acalmou a semana toda cessara.  Não conseguia dormir. O corpo pesava mesmo estando vazio. Senti falta da minha alma. Senti que estava a perdendo cada vez mais rápido. Não! Não havia a perdido. Eu sabia exatamente onde ela estava, mas não podia buscá-la, eu podia vê-la, mas não conseguia a puxar de volta para mim. Eu estava me afogando com os braços amarrados. Era quase impossível fugir disso.
Naquela noite minha testa ardia e não conseguia derramar lágrimas. Eu estava totalmente confusa. Não sabia o que fazer, como agir, acho até que não pensava mais. Achei que meu cérebro derretera.
Mas foi justo naquela noite, em que eu me dei por conta que não existem mais pessoas dispostas a amar. Eu não estava mais disposta a amar. Eu havia cansado. Mesmo que eu pudesse, por mais que tentasse eu não podia mais. Primeiramente porque quase desisti dos meus sonhos, depois por deixar minha alma em outro corpo e por último, por estar cansada. Percebi também que só não havia desistido de respirar. Eu não tinha coragem de trancar minha respiração eternamente. Eu nunca faria isso. Eu nunca recusei um presente, eu jamais me desfazeria da minha vida que foi o maior deles.
Então, respirei fundo, e todas as lágrimas caíram numa vez só. Eu não era tão forte o quanto imaginei que fosse, mas tolerei isso até a ultima gota levemente salgada, e a sequei com carinho, sem me dar tapas na cara como das ultimas vezes.

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